FETAC realiza Congresso
Acreano de Teatro e debate Políticas Públicas para a Cultura
Rio
Branco sediou o XV CATA - Congresso Acreano de Teatro, neste último final de
semana, num encontro reflexivo e estimulador que reuniu artistas, técnicos,
produtores, pesquisadores, estudantes e professores de artes cênicas, gestores
públicos e interessados a fim de debater Políticas Públicas de Cultura, as
diretrizes para o triênio 2022/2025 da FETAC e a eleição da nova Diretoria.
A
abertura do primeiro “Ato” do Congresso ficou marcada com a apreciação espetáculo
“Gos’Tosa”, um “Solo Performance”, da atriz Sandreia Souza, que trouxe à tona assuntos
e reflexões sobre a imposição dos padrões de beleza, e a tudo o que as mulheres
são expostas para atingirem “esse” padrão.
“Já
na abertura, percebi que este Congresso seria rico, dinâmico e necessário. Digo
isso sem qualquer prejuízo ao valor e da importância dos outros pretéritos
congressos da nossa resiliente instituição. A minha percepção se deu quando a
ação cênica intitulada Gos’tosa, de Sandreia Souza aconteceu. O solo é
extremamente bem escrito e interpretado de forma leve, questionadora e isso
suscitou todos os meus sentidos e me retroalimentou como artista”, comentou
Écio Rogério, diretor do Grupo Macaco Prego da Macaca e professor do curso de
Artes Cênicas da UFAC.
O
segundo “Ato” do XV CATA promoveu Palestras e Debates instigados pelos
convidados especialistas: Marcos Vinícius, historiador e ex-presidente da Fundação
de Cultura Garibaldi Brasil e Carol Di Deus, atriz e ex-diretora da Fundação
Elias Mansour, sobre a implantação dos Sistemas Municipal e Estadual de Cultura
e as Políticas Públicas; Flávia Burlamaqui, historiadora e presidente do
Conselho Estadual de Cultura, sobre a Lei Paulo Gustavo; e a apresentação das
Dissertações de Mestrado que tem como foco o teatro acreano, em diferentes
nuance e óticas: Marilia Bomfim, com “Mediação Cultural no Acre, existe”, e
Sandra Buh, com “Existe atriz no Acre?”, desmistificando o importante papel da
mulher no teatro acreano. As mesas movimentaram e enriqueceram significativamente
a reflexão sobre questões como o nosso fazer e quem somos, assim como o momento
caótico vivido pela cultura.
“Em
um momento tão delicado para as ações culturais no Estado, realizar o Congresso
foi um respiro e uma retomada de folego para dar continuidade a nossa luta
artística! Evoé!”, Claudia Toledo, da Cia. Visse e Versa.
Como
forma de aproximação e exercendo seu papel de Federação representativa do
seguimento das Artes Cênicas em todo o estado, a diretoria convidou representantes
dos municípios de Feijó, Cruzeiro do Sul, Xapuri e Porto Acre para abrilhantar
o Congresso, e expressar as muitas dificuldades e necessidades que o fazedor de
Teatro sofre nesses municípios pela falta de investimento na Cultura, como
formação, circulação e capacitação para participação em editais.
“Me
emocionei com os depoimentos dos participantes dos municípios, nos levando a
repensar nossos projetos no sentido da territorialidade, para levarmos nossos
espetáculos e retomarmos as vivências que realizávamos com os fazedores do
interior.” considerou Maria Rita, do Grupo Experimental de Artes Vivarte.
“Desde
que nos filiamos à FETAC, participamos de vários Congressos da Federação. São
encontros calorosos, regados à arte e debates, verdadeiros espaços aonde
filiados e convidados compartilham saberes, avaliam o trabalho da FETAC,
definem os rumos da Federação e elegem a nova diretoria para os anos seguinte.
O XV Cata não foi diferente! Transformou-se em um encontro maravilhoso que
promete ficar na memória dos fazedores de teatro de Rio Branco e dos municípios
participantes. Com clima festivo,
provocou reflexões, conhecimentos, comprometimentos e sonhos. Vida longa à
FETAC!”, Marilia Bomfim e Dinho Gonçalves, do Grupo do Palhaço Tenorino.
O
terceiro e último “Ato” do XV CATA reconduziu à presidência da FETAC para o
triênio 2022-2025, o ator/ diretor, Lenine Alencar (Cia. Visse e Versa), atuante
no movimento cultural há mais de 40 anos, contribuindo com a produção artística
local, e representando a Federação em importantes pautas municipais, estaduais
e federais. Compõem a Diretoria nessa luta por conquistas o ator e palhaço
Rogério Barcellos (MIcrobinho e sua Trupe) como Vice-Presidente, a atriz,
diretora e figurinista Claudia Toledo (Cia. Visse e Versa) como 1ª Secretária, o
ator/ artista Marcos Luanderson (Macaco Prego da Macaca) como 2º Secretário, o
ator e diretor Dinho Gonçalves (GPT) como 1º Tesoureiro e Socorro Paiva (GPT)
como 2ª Tesoureira, sendo unanimidade entre os presentes a competência de todos
os eleitos para a condução artística, administrativa e política da FETAC.
“A
cada Congresso de Teatro abrimos novas perspectivas para uma ação coletiva, e
nesse ano, os grupos estão empenhados em pensar algo estratégico para chegar
aos municípios, garantir orçamento para cultura, fortalecer os espaços de
diálogos criados pelos Sistemas Estadual e Municipais de Cultura, além de ir
para o embate por gestões democráticas, competentes e alinhadas com o movimento
cultural. Nisso o XV CATA foi importante! Agora é dobrar as mangas e se
fortalecer na luta de resistência que sempre foi um dos princípios da FETAC!”
A
Federação visualiza os novos desafios que tem a enfrentar, em um contexto em
que a cultura vem sendo massacrada e tratada de forma secundária. As discussões
deixaram clara a importância de uma política voltada para a diversidade cultural,
preservação do Patrimônio Material e Imaterial, e a manutenção da centralidade
da cultura em diferentes aspectos, fundamentais para o crescimento econômico e
o desenvolvimento social. A FETAC se prepara para continuar lutando e encabeçar
novas lutas através dos grupos filiados e os que virão para compor a Entidade,
e representá-la em sua essência e resistência!