sábado, 3 de setembro de 2022

 

FETAC realiza Congresso Acreano de Teatro e debate Políticas Públicas para a Cultura

 

Rio Branco sediou o XV CATA - Congresso Acreano de Teatro, neste último final de semana, num encontro reflexivo e estimulador que reuniu artistas, técnicos, produtores, pesquisadores, estudantes e professores de artes cênicas, gestores públicos e interessados a fim de debater Políticas Públicas de Cultura, as diretrizes para o triênio 2022/2025 da FETAC e a eleição da nova Diretoria.

 

A abertura do primeiro “Ato” do Congresso ficou marcada com a apreciação espetáculo “Gos’Tosa”, um “Solo Performance”, da atriz Sandreia Souza, que trouxe à tona assuntos e reflexões sobre a imposição dos padrões de beleza, e a tudo o que as mulheres são expostas para atingirem “esse” padrão.

 

“Já na abertura, percebi que este Congresso seria rico, dinâmico e necessário. Digo isso sem qualquer prejuízo ao valor e da importância dos outros pretéritos congressos da nossa resiliente instituição. A minha percepção se deu quando a ação cênica intitulada Gos’tosa, de Sandreia Souza aconteceu. O solo é extremamente bem escrito e interpretado de forma leve, questionadora e isso suscitou todos os meus sentidos e me retroalimentou como artista”, comentou Écio Rogério, diretor do Grupo Macaco Prego da Macaca e professor do curso de Artes Cênicas da UFAC.

 

O segundo “Ato” do XV CATA promoveu Palestras e Debates instigados pelos convidados especialistas: Marcos Vinícius, historiador e ex-presidente da Fundação de Cultura Garibaldi Brasil e Carol Di Deus, atriz e ex-diretora da Fundação Elias Mansour, sobre a implantação dos Sistemas Municipal e Estadual de Cultura e as Políticas Públicas; Flávia Burlamaqui, historiadora e presidente do Conselho Estadual de Cultura, sobre a Lei Paulo Gustavo; e a apresentação das Dissertações de Mestrado que tem como foco o teatro acreano, em diferentes nuance e óticas: Marilia Bomfim, com “Mediação Cultural no Acre, existe”, e Sandra Buh, com “Existe atriz no Acre?”, desmistificando o importante papel da mulher no teatro acreano. As mesas movimentaram e enriqueceram significativamente a reflexão sobre questões como o nosso fazer e quem somos, assim como o momento caótico vivido pela cultura.

 

“Em um momento tão delicado para as ações culturais no Estado, realizar o Congresso foi um respiro e uma retomada de folego para dar continuidade a nossa luta artística! Evoé!”, Claudia Toledo, da Cia. Visse e Versa.

 

Como forma de aproximação e exercendo seu papel de Federação representativa do seguimento das Artes Cênicas em todo o estado, a diretoria convidou representantes dos municípios de Feijó, Cruzeiro do Sul, Xapuri e Porto Acre para abrilhantar o Congresso, e expressar as muitas dificuldades e necessidades que o fazedor de Teatro sofre nesses municípios pela falta de investimento na Cultura, como formação, circulação e capacitação para participação em editais.

 

“Me emocionei com os depoimentos dos participantes dos municípios, nos levando a repensar nossos projetos no sentido da territorialidade, para levarmos nossos espetáculos e retomarmos as vivências que realizávamos com os fazedores do interior.” considerou Maria Rita, do Grupo Experimental de Artes Vivarte.

 

“Desde que nos filiamos à FETAC, participamos de vários Congressos da Federação. São encontros calorosos, regados à arte e debates, verdadeiros espaços aonde filiados e convidados compartilham saberes, avaliam o trabalho da FETAC, definem os rumos da Federação e elegem a nova diretoria para os anos seguinte. O XV Cata não foi diferente! Transformou-se em um encontro maravilhoso que promete ficar na memória dos fazedores de teatro de Rio Branco e dos municípios participantes.  Com clima festivo, provocou reflexões, conhecimentos, comprometimentos e sonhos. Vida longa à FETAC!”, Marilia Bomfim e Dinho Gonçalves, do Grupo do Palhaço Tenorino.

 

 

O terceiro e último “Ato” do XV CATA reconduziu à presidência da FETAC para o triênio 2022-2025, o ator/ diretor, Lenine Alencar (Cia. Visse e Versa), atuante no movimento cultural há mais de 40 anos, contribuindo com a produção artística local, e representando a Federação em importantes pautas municipais, estaduais e federais. Compõem a Diretoria nessa luta por conquistas o ator e palhaço Rogério Barcellos (MIcrobinho e sua Trupe) como Vice-Presidente, a atriz, diretora e figurinista Claudia Toledo (Cia. Visse e Versa) como 1ª Secretária, o ator/ artista Marcos Luanderson (Macaco Prego da Macaca) como 2º Secretário, o ator e diretor Dinho Gonçalves (GPT) como 1º Tesoureiro e Socorro Paiva (GPT) como 2ª Tesoureira, sendo unanimidade entre os presentes a competência de todos os eleitos para a condução artística, administrativa e política da FETAC.

 

“A cada Congresso de Teatro abrimos novas perspectivas para uma ação coletiva, e nesse ano, os grupos estão empenhados em pensar algo estratégico para chegar aos municípios, garantir orçamento para cultura, fortalecer os espaços de diálogos criados pelos Sistemas Estadual e Municipais de Cultura, além de ir para o embate por gestões democráticas, competentes e alinhadas com o movimento cultural. Nisso o XV CATA foi importante! Agora é dobrar as mangas e se fortalecer na luta de resistência que sempre foi um dos princípios da FETAC!”

 

A Federação visualiza os novos desafios que tem a enfrentar, em um contexto em que a cultura vem sendo massacrada e tratada de forma secundária. As discussões deixaram clara a importância de uma política voltada para a diversidade cultural, preservação do Patrimônio Material e Imaterial, e a manutenção da centralidade da cultura em diferentes aspectos, fundamentais para o crescimento econômico e o desenvolvimento social. A FETAC se prepara para continuar lutando e encabeçar novas lutas através dos grupos filiados e os que virão para compor a Entidade, e representá-la em sua essência e resistência!