terça-feira, 7 de abril de 2015

Crítica – Chapeuzinho vermelho (Cia. Ciranda de Leitura/AC)


Lições de Chapeuzinho


Kil Abreu

Não são poucas as leituras sobre o universo dos contos de fadas – desde as que investigam neles relações subliminares de gênero e de poder até as que, no campo da psicanálise, verificam a pertinência dos seus campos simbólicos em relação a temas como a sexualidade (Marilena Chauí) e moral (Bruno Bettelheim). Em qualquer caso é uma literatura quase sempre tomada como ponto de partida para algo que está além dela – em todas estas e ainda outras direções possíveis.

A esquete da Cia. Ciranda de leitura se ancora em uma destas direções. Projeto nascido para ser apresentado fundamentalmente no contexto da formação escolar, carrega a um só tempo a despretensão formal se o ponto de vista for estritamente estético, ao lado de um frescor que talvez derive daí mesmo, deste relativo descompromisso com as questões ‘artísticas’, para que seja dada melhor ênfase nas questões pedagógicas.

Quanto ao primeiro eixo, de fato a cena é mais que uma leitura de texto e menos que um espetáculo. De uma exposição bastante didática, que mimetiza o conto através da representação, se poderia reclamar soluções cênicas mais inventivas, pois sob um olhar mais exigente as que o grupo alcança são relativamente pueris. Por exemplo, o cenário que só serve plenamente a uma parte da narrativa; as interpretações elementares dos personagens, entre outras coisas. A compensação vem através da limpeza, da clareza narrativa e, mais importante, da empatia que esta alcança junto aos pequenos. Uma cena formalmente simples, pois, que entretanto não deixa de ter bom efeito teatral.

Dito isto, valeria lembrar o ganho que o acompanhamento musical executado ao vivo oferece ao trabalho. Além de garantir as variações rítmicas que dão cor ao conto posto em cena, os músicos oferecem ainda, sob o olhar das crianças que todos em alguma medida somos, aquele prazer do jogo direto com a arte, que é o jogo da própria invenção, em que conhecemos não apenas o efeito estético como também os meios e as maneiras como ele é feito e acontece.

VII FESTAC / Mostra Semana do Teatro 2015 é uma realização da Federação de Teatro do Acre - FETAC e tem patrocínio da CAIXA / GOVERNO FEDERAL, pelo programa Caixa Cultural de Apoio a Festivais de Teatro e Dança, com parcerias do Governo do Estado do Acre através da Fundação Elias Mansour – FEM, Fundo Estadual de Cultura - FUNCULTURA, PRECULT e Via Verde Shopping, além do apoio da Pizzaria Guia do Sabor, Marcenaria Sulatina, Jornal Opinião e Prefeitura de Rio Branco pela Fundação Garibaldi Brasil – FGB.




















            

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